sábado, 19 de dezembro de 2009

Lily





Ei, você. Sim, você mesmo. Vem cá, deixa eu te pedir um favor... Não é muita coisa, prometo.
Você conhece Lily? Não? Ah, tudo bem.
Então, se algum dia você a vir – Ela é inconfundível –, por favor me avise. E não deixe de dizer algumas coisas a ela... Em todo caso, irei descrevê-la um pouco, para que não se engane.
Lily é Lily. É como fada. Ela tem cabelos negros, pele branca e olhos cor de sol. Olhos de um castanho claro esverdeado, com um toque amarelo quase inacreditável.
Lily tem um sorriso bobo, e sempre te olha nos olhos. Tem uma silhueta encantadora, se estendendo pela sebe como roseira em flor.
Se você a vir, escute bem, deve dizer que eu preciso dela. Preciso porque ela é luz, sol, brisa, água e solo. Sem Lily não posso expandir minhas raízes! Já não me resta muito tempo, diga-a para voltar.
Eu a prezo como a minha própria vida, pois Lily é a tal.
Lily é minha alma.
                                                    __
Levanto, e lentamente, sigo, quase mecanicamente, até a cozinha.
Coloco um pouco da água fervente recém saída do bule em uma xícara de porcelana, enquanto, aflito, procuro um sache de chá, qualquer um. Seria possível eles terem acabado?!
Finalmente encontro. Camomila. Mergulho-o na água ao mesmo tempo em que acrescento o leite e uma generosa porção de mel. Do jeito que ela gostava.
Volto para meu quarto e substituo a xícara antiga, cheia até a borda, pela outra ainda fumegante que tenho em mãos. Pra quando ela chegar – Acrescento mentalmente.
Ah, ela virá! Algum dia Lily irromperá pela minha porta dos fundos, os cabelos molhados ao vento, como costumava fazer.
Ela virá com seus odores, calor e vida. Como um pãozinho fresco.
Quero aspirá-la completamente até que ela seja uma parte de mim novamente.
Lily. Lily. Lily. Lily. Lily. Lily. Lily. (Eu te amo)

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